quarta-feira, 20 de março de 2019

Significado das palavras



Sinônimos:

São palavras que apresentam, entre si, o mesmo significado.
triste = melancólico.
resgatar = recuperar
maciço = compacto
ratificar = confirmar
digno = decente, honesto
reminiscências = lembranças
insipiente = ignorante.
Antônimos
São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários. bom x mau bem x mal condenar x absolver simplificar x complicar
Homônimos
São palavras iguais na forma e diferentes na significação. Há três tipos de homônimos:
Homônimos Perfeitos
Têm a mesma grafia e o mesmo som. cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder); meio (numeral), meio (adjetivo) e meio (substantivo).
Homônimos Homófonos
Têm o mesmo som e grafias diferentes.
Exemplo:
sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder); concerto (harmonia) e conserto (remendo).
Homônimos Homófagros
Têm a mesma grafia e sons diferentes.
Exemplo:
almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar); sede (vontade de beber) e sede (residência).

Parônimos

São palavras de significação diferente, mas de forma parecida, semelhante.
Exemplo:
retificar e ratificar; emergir e imergir.
Exemplos de Parônimos:
acender = atear fogo
ascender = subir
acerca de = a respeito de, sobre
cerca de = aproximadamente
há cerca de = faz aproximadamente, existe
aproximadamente, acontece aproximadamente
afim = semelhante, com afinidade
a fim de = com a finalidade de
amoral = indiferente à moral
imoral = contra a moral, libertino, devasso

sexta-feira, 15 de março de 2019

O que é o Preconceito Linguístico?

O preconceito linguístico tem uma forte relação com as variações linguísticas ao uma variação dizer que é melhor do que a outra por conta que é o mais perto do português oficial do Brasil.
Para encontrarmos as variações linguísticas não precisamos ir tão longe, pois podemos ver que em cada estado há uma variação tanto na fala, quanto na cultura etc. Por exemplo a forma de falar no Pará já é diferente da forma que se fala (palavras, entoações, etc.) no Maranhão, assim como as culturas e hábitos que também já mudam.
O preconceito Linguístico é um crime. Na verdade isso nem deveria existir, pois o Brasil é um dos países que tem a cultura é bem vasta já que ele é a mistura de varias crenças e culturas de outros países diferentes.
Existe sim a variação oficial da nossa língua, mas isso não quer dizer que de acordo com ela vamos desvalorizar as outras. Para acabar com o preconceito primeiramente deve haver respeito, assim como temos uma maneira diferente de agir os outros também tem a sua, não somos iguais, e se assim fosse não haveria graça de se viver
by: Byanka Mota

Variações Linguisticas

As variações linguísticas reúnem as variantes da língua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem diversos aspectos históricos, sociais, culturais e geográficos.
No Brasil, é possível encontrar muitas variações linguísticas, por exemplo, na linguagem regional.

Tipo de variações:

  • Variações Geográficas: está relacionada com o local em que é desenvolvida, por exemplo, as variações entre o português do Brasil e de Portugal.
  • Variações Históricas: ela ocorre com o desenvolvimento da história, por exemplo, o português medieval e o atual.
  • Variações Sociais: são percebidas segundo os grupos (ou classes) sociais envolvidos, por exemplo, um orador jurídico e um morador de rua.
  • Variação Situacional: ocorre de acordo com o contexto o qual está inserido, por exemplo, as situações formais e informais.

Linguagem Formal e Informal

Quanto aos níveis da fala, podemos considerar dois padrões de linguagem: a linguagem formal e informal.
Certamente, quando falamos com pessoas próximas utilizamos a linguagem dita coloquial, ou seja, aquela espontânea, dinâmica e despretensiosa.
No entanto, de acordo com o contexto ao qual estamos inseridos, devemos seguir as regras e normas impostas pela gramática, seja quando elaboramos um texto (linguagem escrita) ou organizamos nossa fala numa palestra (linguagem oral).
Em ambos os casos, utilizaremos a linguagem formal, que está de acordo com a normas gramaticais.

Eras da Literatura

A literatura portuguesa esta dividida em três eras: a Medieval, nos séculos XII ao XV teve como característica o feudalismo o teocentrismo (Deus como o Centro). Na era clássica que tem como característica o Renascimento, nos séculos XVI e XVIII teve como base, restauração dos valores clássicos (Iluminismo). Já na Era Moderna ou Românica era o momento da era das máquinas e da eletricidade.

Certamente o tempo em que o escritor vive influência e muito na construção de obras literárias, mas por meio da linguagem expressam essa substância. A função da Literatura é fazer com que o leitor tenha prazer na leitura que realiza. A literatura é baseada em obras que já foram escritas.
Existem variados temas para os escritores literários: os diluidores, ao que já foi criado ele não criam nada acima, os mestres, são os que aperfeiçoam e atualizam essa tradição, e por fim os gênios, que acrescentam uma nova tradição e que também buscam a novidade.
Existem variados objetivos para os estudos literários e um deles é a compreensão de varias soluções que os escritores vêm criando para que haja expressão de sentimentos através da palavra, buscando valores e crenças de cada época, e fazendo com que cada um seja adaptado a um estilo literário, escolas, estilos e correntes. Por exemplo: dentro do Classicismo será estudado Camões.

Cronologia

• Era Medieval Século XII a XV
Trovadorismo: 1198 – 1434 = 1198 Cantiga da Ribeirinha – Paio Soares de Taveirós- 1º doc. Literário (data presumida).
Humanismo Pré-renascentismo: 1434 -1527 = 1434 Nomeação de Fernão Lopes como Primeiro Cronista- mor do Reino (mecenatismo oficial).
• Era Clássica Século XVI a XVIII
Classicismo Renascentismo: 1527 – 1580 = 1527 é trazido da Itália por Sade Miranda A Medida Nova (os decassílabos, o soneto e outras formas clássicas).
Barroco cultismo e conceptismo: 1580- 1756 = 1580 Morte de Camões; união das coroas ibéricas e Domínio espanhol.
Neoclassicismo / Arcadismo e Pré-romantismo: 1756 – 1825 = 1756 Fundação da Arcádia Lusitana.
• Era moderna ou Romântica Século XIX.
Romantismo: 1825 – 1865 = 1825 Publicação do Poema Camões, de Almeida Garret.
Realismo-Naturalismo: 1865 – 1890 = 1865 Polêmica entre românticos e realistas.
Simbolismo e transição: 1890- 1815 = 1890 Publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro.
• Modernismo Século XX.
I – Geração Orpheu: publicação da Revista Orpheu em 1915, que passou a ser o porta-voz do Orfismo. (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almeida – Negreiros).
II – Geração Presença: Houve a publicação da revista Presença, em 1927, que foi porta-voz do Presencismo. (José Régio, Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões, Miguel Torga etc.).
III. Neo-realismo: 1940 Publicações de Gaibéus, de Alves Redol. (Ferreira de Castro, Alves Redol, Virgílio Ferreira, Fernando Namora e etc.).

Fuções da Literatura


A Literatura  teoricamente desempenha quatro funções: a catártica, cognitiva, estética e político-social.
Lemos para que a palavra nos traga algum alento, consolo.Como é gostoso quando lemos a Bíblia, uma frase ou um livro que nos estimula quando estamos abatidos, nesse momento a Literatura está desempenhando sua função catártica.
Quando lemos e percebemos o belo, um texto, um poema bem escrito, o belo, a Literatura desempenha a sua função estética.
Um dos objetivos da Literatura é transmitir conhecimento, quando lemos , sempre estamos aprendendo algo, nesse caso encontramos a função cognitiva da Literatura.
A Literatura também tem o seu lado que nos faz sermos mais críticos, a pensarmos se realmente estamos cumprindo nosso dever como cidadãos, então encontramos a função político-social.


 fonte: http://parolejan.blogspot.com/2014/03/funcoes-da-literatura.html

Gêneros Literários

Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. Eles se dividem em três categorias básicas: gêneros épico, lírico e dramático. Vale salientar também que, atualmente, os textos literários são organizados em três gêneros: narrativo, lírico e dramático.
Gênero épico ou narrativo: No gênero épico ou narrativo há a presença de um narrador, responsável por contar uma história na qual as personagens atuam em um determinado espaço e tempo. Pertencem a esse gênero as seguintes modalidades:
Épico;
Fábula;
Epopeia;
Novela;
Conto;
Crônica;
Ensaio;
Romance.

Gênero lírico: Os textos do gênero lírico, que expressam sentimentos e emoções, são permeados pela função poética da linguagem. Neles há a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras. Estão, entre as principais estruturas utilizadas para a composição do poema:
Elegia;
Ode;
Écloga;
Soneto.
Gênero dramático: De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poética, os textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de encenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens, atores que contam uma história por meio de diálogos ou monólogos. Pertencem ao gênero dramático os seguintes textos:
Auto;
Comédia;
Tragédia;
Tragicomédia;
Farsa.
fonte: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/generos-literarios.htm

Razão da dificuldade do Portugues.

Justamente pelo fato de ela ser a nossa língua materna, a língua oficial de nossa nação, a língua em que é aplicada o próprio concurso público. Quer ver? Faça um teste. Coloque o seu dedo paralelo ao seu rosto a uma distância de 10cm ou menos. Aparecem dois dedos, não é? Agora tente focalizá-lo, vesgando os olhos. É difícil perceber os detalhes mais finos, como, por exemplo, as digitais. Mas não se assuste. O olho humano adulto possui um ponto focalizador a partir dos 25cm de distância. Em crianças, uns 15cm. É normal que, se o olho não for treinado para isso, ele não consiga focalizar aquilo que está literalmente debaixo do seu nariz. 

É mais ou menos assim com a língua portuguesa. Ela nasceu conosco, convive conosco, faz parte do nosso dia-a-dia. Está debaixo do nosso nariz. Por isso, não conseguimos perceber os detalhes dela, as minúcias, as pegadinhas. Que é o que cai nos concursos públicos. 

Quantas vezes, dentro do carro ou do ônibus, indo ou voltando do trabalho, você já se pegou analisando a frase de um outdoor, as propagandas no vidro traseiro dos ônibus, nos panfletos entregues nas ruas? Você entende o que está escrito porque está em português, assim como você sabia que era o seu dedo na frente do seu olho. Mas não consegue perceber a falta de uma vírgula, de um acento, de uma crase, de uma concordância. Entender um texto é diferente de compreendê-lo. 

(Pausa: já pensou para quê existem sinônimos? Não era mais fácil existir uma palavra para cada coisa e pronto? Pense nisso.) 

O português representa para nós os “dois dedos”: há um português que corre por aí, falado, vivo, mutável; e um outro português escrito, pétreo, normativo. Não há meios de se juntar um com o outro. Os “dois dedos” não conseguiram se sobrepor, lembra? Pois é, por mais que se tente, não se escreve do jeito que se fala. E mais, como o que se cobra nos concursos públicos é a língua oficial, a língua que se deve escrever e tentar falar, geralmente a resposta não é aquela que está debaixo do nosso nariz, a menos que tenhamos olhos treinados. 

O que eu gostaria, com este texto, é alertar você. Cuide bem deste lindo patrimônio que é a nossa língua portuguesa. Procure conhecê-la não pelo fato de ser requerido em uma prova, mas porque ela é sua identidade coletiva. Se for escrever, que seja um e-mail, uma mensagem no MSN, um post num blog, policie-se, veja se escreveu direito, releia o que escreveu. Olhe para a sua língua com certo distanciamento. Corrija-se, como se fosse o seu próprio professor. Com calma. 

quarta-feira, 13 de março de 2019

O tragetório da Língua Portuguesa até chegar até nós

A língua portuguesa formou-se como língua específica, na Europa, pela diferenciação que o latim sofreu na Península Ibérica durante o processo de contatos entre povos e línguas que se deram a partir da chegada dos romanos no século II a.C., por ocasião da segunda Guerra Púnica, no ano de 218 a.C(1). Na Península Ibérica o latim entrou em contato com línguas já ali existentes. Depois houve o contato do latim já transformado com as línguas germânicas, no período de presença desses povos na península (de 409 a 711 d.C). Em seguida, com a invasão mulçumana (árabes e berberes), esse latim modificado e já em processo de divisão entra em contato com o árabe. Na primeira fase do processo de reconquista da Península Ibérica pelos cristãos, que tinham resistido no norte, os romances (latim modificado por anos de contato com outros povos e línguas) tomaram uma feição específica no oeste da península, formando o galego-português e em seguida o português. Formou-se paralelamente o Condado Portugalense e, a partir dele, um novo país, Portugal. Toma-se como data de independência do condado do reino de Castela e Leão a batalha de São Mamede em 1128.
Essa nova língua, depois de um longo período de mudanças correspondente a todo o final da chamada Idade Média, é transportada para o Brasil, assim como para outros continentes, no momento das grandes navegações do final do século XV e do século XVI.
PORTUGUÊS: LÍNGUA OFICIAL E NACIONAL DO BRASIL Com o início efetivo da colonização portuguesa em 1532, a língua portuguesa começa a ser transportada para o Brasil. Aqui ela entra em relação, num novo espaço-tempo, com povos que falavam outras línguas, as línguas indígenas, e acaba por tornar-se, nessa nova geografia, a língua oficial e nacional do Brasil. Podemos estabelecer para esta história quatro períodos distintos, se consideramos como elemento definidor o modo de relação da língua portuguesa com as demais línguas praticadas no Brasil (2) deste 1532 (3).
O primeiro momento começa com o início da colonização e vai até a saída dos holandeses do Brasil, em 1654. Nesse período o português convive, no território que é hoje o Brasil, com as línguas indígenas, com as línguas gerais e com o holandês, esta última a língua de um país europeu e também colonizador. As línguas gerais eram línguas tupi faladas pela maioria da população. Eram as línguas do contato entre índios de diferentes tribos, entre índios e portugueses e seus descendentes, assim como entre portugueses e seus descendentes. A língua geral era assim uma língua franca. O português, como língua oficial do Estado português, era a língua empregada em documentos oficiais e praticada por aqueles que estavam ligados à administração da colônia.
O segundo período começa com a saída dos holandeses do Brasil e vai até a chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808. A saída dos holandeses muda o quadro de relações entre línguas no Brasil na medida em que o português não tem mais a concorrência de uma outra língua de Estado (o holandês). A relação passa a ser, fundamentalmente, entre o português, as línguas indígenas, especialmente as línguas gerais, e as línguas africanas dos escravos. Esse período caracteriza-se por ser aquele em que Portugal, dando andamento mais específico ao processo de colonização, toma também medidas diretas e indiretas que levam ao declínio das línguas gerais. A população do Brasil, que era predominantemente de índios, passa a receber um número crescente de portugueses assim como de negros que vinham para o Brasil como escravos. Para se ter uma idéia, no século XVI foram trazidos para o Brasil 100 mil negros. Este número salta para 600 mil no século XVII e 1,3 milhão no século XVIII. O espaço de línguas do Brasil passa a incluir também a relação das línguas africanas dos escravos e o português. Com o maior número de portugueses cresce também o número de falantes específicos do português. E isto tem uma outra característica: os portugueses que vêm para o Brasil não vêm da mesma região de Portugal. Desse modo, passam a conviver no Brasil, num mesmo espaço e tempo, divisões do português que, em Portugal, conviviam como dialetos de regiões diferentes.
Nesse período, ainda, há dois fatos de extrema importância. O primeiro deles é a ação direta do império português que age para impedir o uso da língua geral nas escolas. Esta ação é uma atitude direta de política de línguas de Portugal para tornar o português a língua mais falada do Brasil. Uma dessas ações mais conhecidas é o estabelecimento do Diretório dos Índios (1757), por iniciativa do Marquês de Pombal, ministro de Dom José I, que proibia o uso da língua geral na colônia. Assim, os índios não poderiam mais usar nenhuma outra língua que não a portuguesa. Essa ação, junto com o aumento da população portuguesa no Brasil, terá um efeito específico que ajuda a levar ao declínio definitivo da língua geral no país (4).
O português que já era a língua oficial do Estado passa a ser a língua mais falada no Brasil.
O terceiro momento do português no Brasil começa com a vinda da família real em 1808, como conseqüência da guerra com a França, e termina com a independência. Poderíamos utilizar, como data final desse período, 1826, pois é nesse ano que se formula a questão da língua nacional do Brasil no parlamento brasileiro.
A vinda da família real terá dois efeitos importantes. O primeiro deles é um aumento, em curto espaço de tempo, da população portuguesa no Brasil. Chegaram ao Rio de Janeiro em torno de 15 mil portugueses. O segundo é a transformação do Rio de Janeiro em capital do Império que traz novos aspectos para as relações sociais em território brasileiro, e isto inclui também a questão da língua. Logo de início Dom João VI criou a imprensa no Brasil e fundou a Biblioteca Nacional, mudando o quadro da vida cultural brasileira, e dando à língua portuguesa aqui um instrumento direto de circulação, a imprensa. Esses fatos produzem um certo efeito de unidade do português para o Brasil, enquanto língua do rei e da corte.
O quarto período começa em 1826. Nesse ano o deputado José Clemente propôs que os diplomas dos médicos no Brasil fossem redigidos em "linguagem brasileira". Em 1827 houve um grande número de discussões sobre o fato de que os professores deveriam ensinar a ler e a escrever utilizando a gramática da língua nacional. Ou seja, a questão da língua portuguesa no Brasil, que já era língua oficial do Estado, se põe agora como uma forma de transformá-la de língua do colonizador em língua da nação brasileira. Temos aí constituída a sobreposição da língua oficial e da língua nacional.
Essas questões tomam espaços importantes tanto na literatura quanto na constituição de um conhecimento brasileiro sobre o português no Brasil. É dessa época a literatura de José de Alencar (5) que tem debates importantes com escritores portugueses que não aceitavam o modo como ele escrevia. É também dessa época o processo pelo qual os brasileiros tiveram legitimadas suas gramáticas para o ensino de português e seus dicionários (6). Dessa maneira cria-se historicamente no Brasil o sentido de apropriação do português enquanto uma língua que tem as marcas de sua relação com as condições brasileiras. Pela história de suas relações com outro espaço de línguas, o português, ao funcionar em novas condições e nelas se relacionar com línguas indígenas, língua geral, línguas africanas, se modificou de modo específico e os gramáticos e lexicógrafos brasileiros do final do século XIX, junto com nossos escritores, trabalham o "sentimento" do português como língua nacional do Brasil (7).
Esse quarto período, no qual o português já se definira como língua oficial e nacional do Brasil, trará uma outra novidade, o início das relações entre o português e as línguas de imigrantes. Começa em 1818/1820 o processo de imigração para o Brasil, com a vinda de alemães para Ilhéus (1818) e Nova Friburgo (1820). Esse processo de imigração terá um momento muito particular na passagem do século XIX para o XX (1880-1930). A partir desse momento entraram no Brasil, por exemplo, falantes de alemão, italiano, japonês, coreano, holandês, inglês. Deste modo o espaço de enunciação do Brasil passa a ter, em torno da língua oficial e nacional, duas relações significativamente distintas: de um lado as línguas indígenas (e num certo sentido as línguas africanas dos descendentes de escravos) e de outro as línguas de imigração.


Essa diferença não é simplesmente uma diferença empírica do tipo: as línguas indígenas e seus falantes já existiam no Brasil quando da chegada dos portugueses e as línguas de imigração vieram depois. A diferença é de modo de relação. As línguas indígenas e africanas entram na relação como línguas de povos considerados primitivos a serem ou civilizados (no caso dos índios) ou escravizados (no caso dos negros). Ou seja, não há lugar para essas línguas e seus falantes. No caso da imigração, as línguas e seus falantes entram no Brasil por uma ação de governo que procurava cooperação para desenvolver o país. E as línguas que vêm com os imigrantes eram, de algum modo, línguas nacionais ou oficiais nos países de origem dos imigrantes. Essas línguas são línguas legitimadas no conjunto global das relações de línguas, diferentemente das línguas indígenas e africanas. As línguas dos imigrantes eram línguas de povos considerados civilizados, em oposição às línguas indígenas e africanas.
Enquanto língua oficial e língua nacional do Brasil, o português é uma língua de uso em todo o território brasileiro, sendo também a língua dos atos oficiais, da lei, a língua da escola e que convive, na extensão do território brasileiro, com um grande conjunto de outras línguas (de um lado as línguas indígenas e de outro as línguas de imigrantes). Por outro lado, enquanto língua nacional, o português é significado como a língua materna de todos os brasileiros, mesmo que um bom número de brasileiros tenham como língua materna outras línguas, ou indígenas ou de imigrantes.
CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS DO BRASIL A vinda da língua portuguesa para o Brasil não se deu, como vimos, em um só momento. Ela se deu durante todo o período de colonização entrando em relação constante com outras línguas. Por outro lado, o povoamento do Brasil se fez com a vinda de portugueses de todas regiões de Portugal. Desse modo, sua vinda para o Brasil traz para esse novo espaço as diversas variedades do português de Portugal. Estas variedades se instalarão em lugares diferentes do Brasil mas, em muitos casos, elas convivem num mesmo espaço, como no Rio de Janeiro, por exemplo.
O português do Brasil vai, com o tempo, apresentar um conjunto de características não encontráveis, em geral, no português de Portugal, da mesma maneira que o português, em diversas outras regiões do mundo, terá características também específicas, em virtude das condições novas em que a língua passou a funcionar. Há que se considerar que, se levamos em conta a língua escrita, vamos encontrar uma maior proximidade entre o português do Brasil, assim como o de outras regiões do mundo, com o português de Portugal, já que a língua escrita está mais sujeita à normatização da língua efetivada através das gramáticas normativas, dicionários e outros instrumentos reguladores da língua. Na língua oral o processo de incorporação de características específicas se faz de modo mais rápido.
Meu objetivo não é, neste texto, discutir essas diferenças internas, mas mostrar como o português do Brasil apresenta um conjunto importante de características específicas. A seguir, vou apresentar um conjunto destas características encontráveis no português do Brasil. Vou me limitar a apresentar aqui o que chamarei de diferenças gramaticais e lexicais (de vocabulário). Evidentemente que a caracterização do português do Brasil envolve a consideração efetiva das diversas divisões a que a língua portuguesa está sujeita no Brasil, tanto regionais quanto sociais e históricas (tal como mostram o artigo "Variedades do português no mundo e no Brasil" de Emílio Pagotto, para a questão das diferenças na língua, e o artigo "Língua brasileira" de Eni Orlandi, sobre os aspectos discursivos envolvidos nessa questão).
Nas características gramaticais podemos distinguir dois conjuntos de características: o das características fonético-fonológicas, o das características morfológicas e sintáticas.
CARACTERÍSTICAS FONÉTICO-FONOLÓGICAS Neste nível, a grande especificidade do português do Brasil, se comparado ao de Portugal, considerando o que Pagotto nos mostra no seu texto, é seu sistema de vogais. Para observar esse aspecto é necessário distinguir, tal como nos mostrou Câmara (1953, 1970) a vogal na posição tônica (da sílaba com acento de intensidade), a vogal na posição átona final (como o /a/ de fuga), e a vogal na posição pretônica (como o /a/ de até).
a) Na posição tônica, o português do Brasil apresenta 7 vogais: /a/ (entrada); /é/ (deve), /ê/ (medo), /i/ (viga); /ó/ (avó), /ô/ (avô), /u/ (urubu). Note-se que a vogal /a/ é pronunciada, com timbre aberto, com a língua em repouso embaixo, na boca; que as vogais /é/, /ê/, /i/ são anteriores, elas são pronunciadas com um movimento da língua para frente; e as vogais /ó/, /ô/, /u/ são posteriores, pronunciadas com um movimento da língua para trás. Em Portugal (8), além dessas vogais, há também um /ä/, que não é aberto como o /a/. Este /ä/ é pronunciado com uma certa elevação da língua, diferentemente do /a/ aberto pronunciado com língua em repouso, embaixo na boca. Assim é que, na língua falada, se distingue /falämos/, presente do indicativo, de /falamos/ passado perfeito (9).
b) Na posição átona final, no português do Brasil, de modo geral, há três vogais /a/ (casa), /i/ (barbante, pronunciado [barbãti]), /u/ (menino, pronunciado [meninu] e mesmo [mininu]). Em Portugal são também três vogais, /ä/, /ë/ e /u/. Assim diferentemente do Brasil, /ä/ é pronunciado com a língua mais alta, com timbre mais fechado, /ë/ é pronunciado fechado, mas numa posição mais posterior do que o /ê/ do Brasil. O /u/ tem as mesmas características fonéticas do /u/ brasileiro.
c) Na posição pretônica, há no português do Brasil, em geral, 5 vogais, /a/, /ê/, /i/, /ô/, /u/, enquanto que em Portugal mantêm-se as 8 vogais da posição tônica, com a diferença de que o /ê/ passa a /ë/, numa pronúncia mais central: /a/, /ä/; /é/, /ë/, /i/; /ó/, /ô/, e /u/.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E SINTÁTICAS No nível sintático, uma primeira característica geral do português do Brasil é que ele, no que toca ao funcionamento dos pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, etc) tem uma colocação mais proclítica, não sendo encontrável em Portugal, por exemplo, João se levantou, tão comum no Brasil. Isto faz com que toda a colocação de pronomes átonos no Brasil seja bastante diferente da de Portugal. Este tipo de diferença tem muito a ver com o fato de que as diferenças fonético-fonológicas, apontadas antes, levam a um outro ritmo da frase, assim como uma diferença de tonicidade nesses pronomes. Isto resulta em um outro modo de colocá-los na frase, tal como já nos mostrou Ali (1908).
No Brasil é também comum construções como está escrevendo, com estar + gerúndio, não comum em Portugal, onde se encontram expressões como está a escrever, com estar a + infinitivo. É também comum no Brasil expressões com a preposição em, que em Portugal são com a preposição a. Tem-se, comumente no Brasil, está na janela, chegou no Brasil, quando em Portugal se tem está à janela, chegou ao Brasil.
Segundo Galves (2002), a principal característica sintática do português do Brasil, é que ele é uma língua de tópico, diferentemente do português de Portugal e das demais línguas latinas (10). Esta posição se desenvolve a partir de uma formulação de Pontes (1987) que mostrou como muitas construções do português no Brasil precisam ser entendidas como construções com tópico. Para apresentar a formulação de Galves usaremos as abreviações SN e V que significam sintagma nominal e verbo. Um sintagma é um elemento lingüístico de nível inferior ao da frase e que possui na sua forma elementos lingüísticos de nível sintático ainda mais baixo, em geral ele combina pelo menos dois elementos. No caso do SN (sintagma nominal), o sintagma é constituído pelo menos por um nome e tem geralmente pelo menos um determinante para este nome, como em o menino, onde menino é o nome e o é o determinante e o menino é o SN. A noção de verbo, para o que aqui nos interessa, é a que usualmente conhecemos.Dito isto, para Galves, a frase do português do Brasil tem como estrutura SN [SN V (SN), diferentemente do português de Portugal e as línguas latinas em geral, que têm como estrutura da frase SN [V (SN). O colchete separa o que se apresenta como o que se diz do primeiro SN.
Para entender essa diferença, consideremos duas frases: João fez o trabalho e João, ele fez o trabalho. Na primeira, com a palavra João refere-se a alguém (João) e predica-se dele algo, fez o trabalho. Neste caso, João que faz a referência a uma pessoa é também o sujeito da frase. Na segunda frase, João refere alguém, depois tem-se como sujeito o pronome ele, que retoma João (anaforiza João) do qual se predica fez o trabalho. Deste modo a seqüência sujeito+predicado (ele fez o trabalho) aparece no conjunto como dizendo algo de João, referido pela palavra João. Nesta segunda frase, João é o tópico, aquilo sobre o que se vai dizer algo. Diferentemente, na primeira frase, aquilo sobre o que se vai dizer algo é diretamente o sujeito da frase. A tese de Galves é que a estrutura sintática do português é do tipo da segunda frase que aqui usamos como exemplo: João, ele fez o trabalho.
Segundo a autora é esta característica que explica um conjunto importante de aspectos próprios do português brasileiro, tal como os que seguem.
a)uso do pronome ele como objeto
Em Portugal esta é uma construção inexistente. É comum no Brasil frases como Encontrei ele ontem; esse rapaz, eu conheci ele no trem; esse rapaz aí que eu encontrei ele no trem.Nestas frases ele é complemento da frase, diferentemente de Portugal onde esta construção, normalmente, não aparece.
b)ele como sujeito
O funcionamento do ele como sujeito é diferente em Portugal e no Brasil. No Brasil temos, por exemplo, eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia..., enquanto em Portugal o que se encontra é somente algo como eu tinha uma empregada que respondia ao telefone e dizia... Para Galves esta diferença diz respeito a que no português do Brasil o eleaparece preferencialmente ao sujeito nulo (que na escola conhecemos como sujeito oculto), diferentemente do português de Portugal, onde aparece preferencialmente o sujeito nulo e em que o ele aparece quando é necessário marcar a concordância, já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa, ou para estabelecer um contraste.
c)ele como objeto de preposição
No Brasil é comum frases como o André, que eu gosto dele, é mais bonito, enquanto em Portugal só se encontram frases como o André de quem eu gosto. Este aspecto está diretamente relacionado com o funcionamento das relativas no português brasileiro. Tal funcionamento no Brasil se caracteriza por ter uma predominância de relativas com este pronome que retoma um nome da principal (chamado pronome lembrete, o ele (dele) do primeiro exemplo acima), e é predominante quando a retomada está em sintagma preposicional, conforme mostrou Tarallo (1996). Este funcionamento predominante no Brasil é oposto ao predominante em Portugal, onde o mais comum é o de construções como O André, de quem eu gosto, é mais bonito.
Este aspecto está ligado ao crescimento no português do Brasil de um outro funcionamento da relativa que se chama de relativa cortadora, como em É uma pessoa que essas besteiras que a gente fica se preocupando, ela não fica esquentando a cabeça. Em Portugal a construção encontrável seria É uma pessoa que não fica esquentando a cabeça com estas besteiras que nos preocupam. No português do Brasil hoje há a predominância das construções relativas com pronome lembrete e relativas cortadoras. As análises de Tarallo (idem) mostram que essa diferença entre o funcionamento do português do Brasil e de Portugal já está instalada claramente em 1880 e se aprofunda a partir de então. Assim hoje é predominante o que no início do século XIX (1825, por exemplo) era o menos comum.
Ao lado desses aspectos, Galves também considera uma outra característica muito interessante do português do Brasil: O funcionamento do pronome se. Para a autora, no português brasileiro o se pode não aparecer em frases com tempo (o verbo nas formas finitas), diferentemente do português europeu. No Brasil há frases como Nos nossos dias, não usa mais saia; Esta camisa lava facilmente; Joana não matriculou ainda; Maria fez a lista dos convidados mas esqueceu de incluir ela; É impossível se achar lugar aqui, enquanto em Portugal só há frases como Não se usa mais saia; Esta camisa lava-se facilmente; Joana não se matriculou ainda; Maria fez a lista dos convidados mas esqueceu de se incluir. Interessante para a lingüista é que, em contrapartida, em frases com infinitivo, no Brasil, aparece consistentemente a forma se para indeterminar, em oposição a Portugal onde este se não aparece da mesma maneira. Tem-se no Brasil É impossível se achar lugar aqui, enquanto em Portugal haveria somente É impossível achar lugar aqui.
O que é interessante nessa análise de Galves é que ela não só registra a existência de construções diferentes, que poderiam ser atribuídas a uma mera diferença de uso de uma ou outra pessoa, em uma ou outra situação, como mostra que essa diferença nas frases diz respeito a uma especificidade na estrutura mesma da sintaxe do português do Brasil, ter a estrutura SN [SN V (SN). Ser, portanto, uma língua de tópico.Ligada a essa diferença na estrutura sintática da frase, Galves nos mostra como ela está ligada a um aspecto semântico fundamental, o modo como o português do Brasil faz referência às coisas sobre às quais se fala. Observe que se tomamos a frase do português do Brasil Eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia... vemos que o ela retoma diretamente empregada, desfazendo o caráter anafórico do que (relativo), diferentemente de, por exemplo, Eu tinha uma empregada que atendia o telefone e dizia..., na qual o que mantém seu caráter anafórico. Em cada caso o modo de referir à empregada é um.
Ou seja, o fato de o português ter uma estrutura de tópico para suas frases diz respeito ao modo como no Brasil se faz referência às coisas, ou seja, diz respeito a como, num acontecimento enunciativo específico, refere-se a algo. Em outras palavras, esta característica de estrutura da frase está diretamente articulada a um modo de funcionamento semântico-enunciativo, outros diriam semântico-pragmático, do português no Brasil. Enfim, Galves nos mostra que o português do Brasil tem uma estrutura e funcionamento diversos do português de Portugal e das outras línguas latinas. E esta não deixa de ser uma questão a ser estudada no quadro do multilingüismo brasileiro.
CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO Desde o início do século XIX, com o Marquês de Pedra Branca, se usa o estudo do léxico para mostrar diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal (11). Essas diferenças dizem respeito ao fato de que, no Brasil, muitas palavras tomaram outros sentidos ou foram incorporadas ao português a partir das línguas indígenas e africanas, com as quais o português esteve e está em relação. Podemos observar palavras que têm um sentido em Portugal e outro no Brasil, a partir de exemplos retirados de Teyssier (1997)
PORTUGALBRASIL
comboiotrem
autocarroônibus
eléctricobonde
hospedeiraaeromoça
caneta de tinta permanentecaneta-tinteiro
corta-papelespátula
fatoterno
metrometrô
Por outro lado, há no Brasil um conjunto importante de palavras de origem indígena, comumente o tupi, assim como de origem africana, os exemplos são também tirados de Teyssier (idem).
Exemplos de palavras de origem indígena: capim, cupim, caatinga, curumim, guri, buriti, carnaúba, mandacaru, capivara, curió, sucuri, piranha, urubu, mingau, moqueca, abacaxi, caju, Tijuca, etc. São, em geral, palavras relativas à designação da flora, da fauna, de alimentos, assim como de lugares.
Exemplos de palavras de origem africana: caçula, cafuné, molambo, moleque; orixá, vatapá, abará, acarajé; bangüê; senzala, mocambo, maxixe, samba. São, em geral, palavras que designam elementos do candomblé, da cozinha de influência africana, do universo das plantações de cana, do universo de vida dos escravos, e mesmo outros de aspecto mais geral. Grandes listas de palavras dessas línguas que se incorporaram ao português podem ser encontradas em diversos livros de lingüística histórica do português como Silva Neto (1950), Bueno (1946, 1950) e Coutinho (1936).
CONSIDERAÇÕES FINAIS Várias outras características podem ser atribuídas ao português do Brasil, mas a melhor forma de tratar disso é observar o modo como o português se divide em falares regionais específicos ou registros distintos de acordo com situações particulares do funcionamento da língua, como o formal ou o coloquial, o íntimo e o público, etc.
Por outro lado, fica claro que o estudo do português do Brasil indica para a necessidade de se aprofundarem pesquisas históricas que dêem mais relevo à questão das relações do português num espaço multilíngüe muito particular.

Fonte: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252005000200015