sexta-feira, 5 de abril de 2019

AS ESCOLAS E ERAS LITERÁRIAS

ESCOLAS LITERÁRIAS

As Escolas Literárias são as formas como estão divididas a literatura mediante as características apresentadas em cada uma delas. Essa divisão depende, entre outros aspectos, principalmente dos momentos históricos.
Também chamadas de movimentos literários, as escolas literárias dividem-se em eras, sendo elas: Era Medieval, Era Clássica e Era Moderna (nacional ou romântica).  

ERA MEDIEVAL

A igreja tinha grande influencia sobre o povo medieval, escreviam suas obras baseadas em suas crenças. Esses autores religiosos buscavam frisar em suas obras passagens bíblicas, contavam histórias sobre as vidas de santos e diziam sobre a existência de Deus.
No século XII, o trovadorismo chegou para realizar algumas mudanças na literatura. Foi quando os galanteios e o amor entraram em cena. Autores escreviam sobre romances, e aos poucos o foco deixava de ser os temas religiosos.

Trovadorismo: é considerado como os primórdios da literatura portuguesa, pois dele surgiram as primeiras manifestações literárias. As cantigas são os principais registros da época, tradicionalmente divididas em cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer, representadas por nomes como Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre outros.
Pois naci nunca vi Amor
E ouço del sempre falar;
Pero sei que me quer matar,
Mais rogarei a mia senhor:
Que me mostr' aquel matador,
Ou que m'ampare del melhor (...)”.
(Nuno Fernandes Torneol - fragmento)
Humanismo: A transição do mundo medieval para o mundo moderno influenciou as artes e proporcionou o Renascimento cultural. Na literatura, a prosa historiográfica, o teatro e a poesia palaciana foram consolidados, tendo como principais representantes os escritores Gil Vicente e Fernão Lopes.
(...) Pois amor me quer matar 
com dor, tristura e cuidado,
eu me conto por finado, 
e quero-me soterrar (...)”. 
(Gil Vicente – Fragmento)

ERA CLÁSSICA

O Classicismo foi um movimento cultural ocorrido no Renascimento (séculos XV e XVI). Como o próprio nome sugere, o Renascimento foi um período de renovação, momento de grandes transformações culturais, políticas e econômicas.
A história e a literatura caminham sempre muito juntas, por isso, as modificações ocorridas na sociedade foram transmitidas na Literatura. A seguir, acompanhe as principais características do Classicismo:
Antropocentrismo (homem em evidência);
Perfeição formal (rigor em busca da pureza formal);
Universalismo (abordagem de temas universais);
Humanismo (teocentrismo X antropocentrismo);
Busca do equilíbrio entre razão e sentimento.
Renascimento: A introdução de novos gêneros literários e a inspiração na cultura clássica greco-latina marcaram o período renascentista. Entre os novos gêneros, estavam os romances de cavalaria e a literatura de viagens, que tiveram como principais representantes Luís de Camões, Sá de Miranda e Fernão Mendes Pinto.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades (...)”.
(Luís de Camões - Fragmento)
Barroco: Marcado por uma linguagem rebuscada, permeada por figuras de linguagem de difícil compreensão, o período barroco foi marcado pelas lutas entre classes sociais e pelas crises religiosas. Entre seus principais representantes, estão Padre Antônio Vieira, Frei Luís de Souza e Antônio José da Silva.
O ingrato não só esteriliza os benefícios, senão também o benfeitor: esteriliza os benefícios, porque os paga com ingratidões e esteriliza o benfeitor, porque vendo o benfeitor que se pagam com ingratidões os seus benefícios, cessa, e não os quer continuar.
(Padre Antônio Vieira - Fragmento)
Neoclassicismo: Os principais representantes do período neoclássico, caracterizado pela revalorização dos valores artísticos gregos e romanos, foram Manuel Maria Barbosa du Bocage, Curvo Semedo e José Agostinho de Macedo. A esses escritores coube a difícil tarefa de afastar os exageros do período barroco e restabelecer o equilíbrio na literatura.
(...) A serena, amorosa Primavera, 
O doce autor das glórias que consigo, 
A Deusa das paixões e de Citera; 

Quanto digo, meu bem, quanto não digo, 
Tudo em tua presença degenera. 
Nada se pode comparar contigo.”
(Manuel Maria Barbosa du Bocage - fragmento) 

ERA MODERNA

O Modernismo tem como característica unificadora o desejo de liberdade de criação e expressão, aliados aos ideais nacionalistas, visando, sobretudo, emancipar-se da dependência européia. Esse anseio de independência inclui: o vocabulário, a sintaxe, a escolha de temas e a maneira de ver o mundo. Ao rejeitarem os padrões estilísticos portugueses, seus criadores cobrem de humor, ironia e paródia as manifestações modernistas, passando a utilizar as expressões coloquiais, próximas do falar brasileiro, promovendo a valorização diferenciada do léxico.
Os modernistas revelam o nacionalismo, através da etnografia e do folclore. O índio e o mestiço passam a ser considerados por sua "força criadora", capaz de provocar "a transformação da nossa sensibilidade, desvirtuada em literatura pela obsessão da moda européia". Cantam, igualmente, a civilização industrial, destacando: a máquina, a metrópole mecanizada, o cinema e tudo que está marcado pela velocidade, aspecto preponderante no modo de vida da nova sociedade. Ao comporem o perfil psicológico do homem moderno, expõem angústias e infantilidades como forma de demonstrar o caráter e a complexidade do ser humano, apoiando-se, para tanto, na psicanálise, no surrealismo e na antropologia.

Romantismo: O romantismo português marcou o fim do neoclassicismo, apresentando como principais temas o amor, a nostalgia e a melancolia, proporcionando a combinação de vários gêneros literários. No subjetivismo, nomes como Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco e Júlio Dinis encontraram sua forma de expressão.
Seus olhos - que eu sei pintar 
O que os meus olhos cegou – 
Não tinham luz de brilhar, 
Era chama de queimar; 
E o fogo que a ateou 
Vivaz, eterno, divino, 
Como facho do Destino (...)”.
(Almeida Garrett - fragmento)
Realismo e Naturalismo: Antero de Quental, Cesário Verde e Eça de Queirós são os principais representantes do realismo e naturalismo português, movimento que negou o subjetivismo e o idealismo tão presentes na estética romântica.
(...) Os tristes, os deserdados, os pobres, os oprimidos, quando tudo lhes falta, o pão, o lume, o vestido, têm sempre, no fundo da alma, uma cantiga pequena que os consola, que os aquece, que os alegra. É a última coisa que fica no pobre. E então a cantiga vale mais do que todos os poemas(...)”.
(Eça de Queiroz - fragmento)
Simbolismo:  Corrente que se opôs à temática do realismo, o simbolismo teve início com a publicação do livro Oaristos, de Eugênio de Castro. Nessa estética está presente a idealização da infância e do campo. Seus principais representantes foram Antônio Nobre e Camilo Pessanha.
Tua frieza aumenta o meu desejo: 
fecho os meus olhos para te esquecer, 
mas quanto mais procuro não te ver, 
quanto mais fecho os olhos mais te vejo. 
(Eugênio de Castro – fragmento)
Modernismo: Os principais nomes do modernismo português são Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, idealizadores da revista Orpheu, principal divulgadora dos ideais modernistas. O modernismo rompeu com antigos padrões estéticos ao propor uma linguagem literária inovadora.
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo (...)”.
(Fernando Pessoa – fragmento)



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